sábado, 24 de janeiro de 2015

08. Estética do Medo



Estética do Medo
[Juliano Berko, 2011]

A cama é meu território
Eu sou o povo soberano
Subordinado ao Estado
Às paredes do quarto
Onde meu corpo briga por espaço
Onde meus braços a representar
A bela luta pela minha nação
A luta contra a alienação
E ela me disse: veja!
E ela me disse: convenhamos,
Este lugar não é de se estar!
E ela me disse: vá!
Já chega de longe a tempestade
Já bate seu sopro de liberdade
Já venceu o choro do nascimento
Então olho pro céu cuspindo fogo
Olho pro mar onde eu me afogo
Encaro a caneta que eu afago
Encaro o papel que eu torturo
A folha branca que é meu futuro
Observo a paz que virá...
Do outro lado do muro
Após todo o estrago, o transtorno
Do terror na terra arrasada:
A minha cama a me esperar.

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